Páginas

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

A REAL HUMANIZAÇÃO EM QUALQUER CAMPO DE ATUAÇÃO HUMANA

                     "Humaniza aqui, 
                                        Humaniza lá, 
                                            Humaniza em todo lugar..."               


    Notoriamente, o desenvolvimento científico-tecnológico tem levado muitas organizações a buscar, de forma desenfreada, o lucro econômico-financeiro. Isso caracteriza muito bem o pensamento capitalista e subtrai do ser humano, consequentemente, a valorização real do homem representado pelos indivíduos que nelas trabalham.
   Percebe-se que a cultura predominante da modernidade caracteriza-se por considerar as pessoas meros recursos que devem contribuir para o alcance dos objetivos organizacionais. A necessidade de um relacionamento interpessoal saudável, não encontra lugar no âmbito organizacional, gerando os mais diversos conflitos e, portanto, “desumanizando” as organizações, desvirtuando os valores humanos e da ética também são exemplos de realidades desumanizadoras.  
   E, numa tentativa de caminhar em posição inversa à desumanização, a Política Nacional de Humanização,  vem preconizando como algo sumariamente importante a inter e a transdisciplinaridade na construção de redes cooperativas, solidárias e comprometidas com a produção de tudo o que tenha a ver com a saúde e o bem estar dos indivíduos, e consequentemente, estimulando o protagonismo, chamando todos a assumirem a corresponsabilidade enquanto sujeitos sociáveis e em sociedade, de modo que seja possível tornar  todos e quaisquer espaços de atuação humana (no trabalho, na saúde, na educação, na política, etc.)
   Isto é, proporcionar que os espaços de convívio diário em quaisquer campos de atuação tornem-se realmente mais humanizados, lembrando o que afirma a professora Luci Bank-Leite (Unicamp) - “O homem não nasce humano. Ele possui, sim, a capacidade de tornar-se humano. Aprender a falar uma língua, por exemplo, é uma exclusividade humana que só se realiza com o contato com outros que falem”.

http://www.gestaoemsaude.com.br/humaniza-gestor/

     Dentro desse contexto, procurando abranger a teoria cartesiana das paixões, é possível deduzir que  deve-se pensar na produção de cuidados e práticas humanizadoras levando-se em conta as especificidades que envolvem a utilização intensiva de capacidades físicas e psíquicas, intelectual e emocional, incluindo troca de afetos e de saberes. O que pressupõe necessariamente a socialização, a cooperação e a conformação de grupos e redes, as exigências contemporâneas de uma incessante e rápida incorporação de novos conhecimentos e tecnologias e do desenvolvimento contínuo de habilidades comunicacionais e de manejo de informações. Isso sem contar a convivência diária com toda forma de sofrimento e a profunda e irremediável da vida e da morte e as inevitáveis repercussões no corpo e na alma, frente aos afetos possíveis de serem desenvolvidos entre as pessoas que convivem.
Pensar no ambiente no ambiente de trabalho um espaço vivo e dinâmico, que pode, ao mesmo tempo ser fonte de sofrimento, de depressão e estresse e de prazer, de emancipação e realização, o que requer uma mudança de olhar. Nesse contexto, a análise da humanização, da ética e do relacionamento interpessoal permite perceber facilmente os pontos de contato entre esses temas e a necessidade imperiosa de ser respeitada ininterruptamente a dignidade de todas as pessoas, incluindo-se os trabalhadores, dos quais sempre é exigido alto grau de produtividade sem que, em contrapartida, se dispense a eles um tratamento adequado.
Importante haver a interação de vários profissionais e a troca de experiência entre seus saberes e fazeres, é fundamental a inter e a transdisciplinaridade:  a interação global das várias ciências, visando, acima de tudo, ver o homem de uma forma mais global, mais inteira, de modo a alcançar um sistema de níveis e objetivos múltiplos com uma finalidade comum.  É válido ressaltar que para uma real humanização em qualquer campo da atividade  é necessário também alguns atributos,  como o  agir técnico e ético em qualquer prática, em qualquer campo e relação de trabalho.
Cabe lembrar também que uma das maiores necessidades sociais na atualidade é a vivência irrestrita de valores voltados para o bem estar da coletividade e que têm o ser humano como a maior e incalculável riqueza de uma sociedade. As implicações daí decorrentes devem ser profundas na escala de valores individuais, organizacionais e sociais, de sorte que a cidadania no âmbito das organizações não seja vilipendiada, mas preservada, estimulada e promovida.
É, portanto, necessário respeitar a singularidade de cada um – o valor de nossas diferenças, as quais, de modo geram, enriquecem o conjunto e o torna mais fascinante, aumentando as possibilidades de vivencias e privilegia a criação de vínculos afetivos na reação profissional, na valorização e compreensão do outro como um sujeito, entendendo que a valorização dos sentimentos deste outro é elemento essencial do agir  ético. 
Tudo isso, seja no campo da educação, da saúde, ou de quaisquer outros ramos de atuação profissional, deve-se sempre programar as ações de acordo com cada realidade, levando em conta as especificidades de cada momento, promovendo mudanças e interações profissionais entre as áreas envolvidas, pensando no próximo como um ser humano e não como uma máquina ou um corpo vazio de sentimentos, de emoções, de afetos. É, portanto, necessário respeitar o momento do outro, sua singularidade. A humanização pode e deve abranger e alcançar os mais diversos campos de atividades humana, uma vez que estamos tratando de seres humanos e, é importante ampliar o grau de comunicação em qualquer espaço de trabalho, visando a boa convivência, a satisfação, a realização dos indivíduos frente os desejos, afetos, sentimentos tão nossos, tão caracteristicamente humanos.

Beatriz da Rocha Silva, 
Irene Cristina dos Santos Costa,
Rosiane Moreira Baptista

Nenhum comentário:

Postar um comentário